sexta-feira, 1 de maio de 2009

trobar leu

Neste poema eu tentei imitar um pouco do trobar leu (trovar leve) do Jaufre Rudel. Era leve porque ele usava a liguagem e as imagens mais simples mas conseguia um efeito surpreendente. Não sei porque, mas acho que nessa modalidade me dei um pouco melhor. Julguem vocês mesmos:

Fumaça flutuando no ar,
paredes de cimento e aço
e postes a se perfilar
pra iluminar nosso cansaço.
Pra mim são flores amarelas
que um campo verde inteiro cobre
pois chega da flor mais singela
e me assoma essência inefável.

Num galho, pássaro a cantar,
nós num banco, umbroso regaço.
E a luz do sol vem descansar
nos raios finos dos seus braços.
Quando na praça olho pra ela
ninguém na cidade descobre
que na pressa das passarelas
pulsa um segredo imensurável.

Quando tento lhe visitar,
periferia no mormaço,
os bêbados dentro do bar
olham e riem quando eu passo.
Mas pra mim é a rua mais bela
e todos que estão lá são nobres.
O que se relaciona a ela
se envolve de espírito amável.

Dona do amor pode ordenar
as esferas pelos espaços
em cores e brilho estelar
nos giros dos nossos abraços.
Vejo em seu vulto uma janela
e escuridão já não encobre
candeia que espírito vela,
revela-se um fogo intocável.

Pigmentos pintados em tela,
pobres perto do rosto dela,
a flor de cor inominável.

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