sexta-feira, 1 de maio de 2009

trobar ric

Aqui vai um tentativa de trobar ric, ou seja, um trobar bem intrincado. Não precisa nem dizer que me inspirei na l'aura amara, do Arnaut Daniel. São dezessete rimas por estrofe, não é bricadeira. Apesar de ser uma vaidade meio besta, fiquei um pouco orgulhoso quando terminei este. Muito se fala de poesia de invenção, mas tambám têm muita vaidade de virtuosismo, de querer causar efeito. Como eu sempre coloco, isso é só a imitação de um estudante:

Brisa agreste
roça nos ramos,
cair
de folhas sobre a face.
Fino
pio,
como aves no estio,
nós que amamos,
sai
nosso ai
do coração,
até sumir
pulsar,
como em formol
a carne corrompida.
Mas pode ir
à boca se eu a vejo.

Ela veste
perfeito samo.
Sentir,
preciso num enlace.
Lino,
fio,
precioso atavio.
Dum cálamo,
dai,
desenhai
na escuridão
que eu quero ir
olhar
vulto em farol,
no leito nau perdida,
a submergir
no báratro dum beijo.

O que investe
servos e amos
- servir -
ordena sem impasse.
Minos,
brio,
sem rito do immixtio
em Pérgamo
cai.
Oscilai
devassidão,
que eu vou partir
e honrar
o voto em prol
pureza concedida,
quando eu abrir
os braços ao seu pejo.

Luz celeste,
a vi como em Patmos.
Ouvir,
se ela se desnudasse,
hinos.
Cio,
nunca me sacio.
Corsa, eu, gamo.
Vai,
sazonais
ritmos que dão
no consentir
deitar.
Eu jogo anzol
na hora colorida
em que a seguir
e no susto a bordejo.

Fome e peste
que libertamos,
carpir,
lhes demos livre passe.
Sinos,
frio,
choro e calafrio
no tálamo.
Pai,
no Sinai
nos dá perdão.
Se o céu parir
o mar
nos seja atol.
Preparando a partida
vamos subir
com anjos num cortejo.

O galardão
de conseguir
amar
nos faz qual sol,
que em si sustenta vida.
Basta pedir
que o Amor nos dê o ensejo.

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